sábado, 26 de julho de 2008


[Entrelaçaram as mãos como se ninguém mais existisse ali]

Em meio a bafafás, chegaram a dizer que esse entrelaçar, esse carinho, era apenas uma atração, como aquelas chuvas de verão, outros, especularam sobre o amor que estava adormecido há algum tempo, mas que teimava em ser verdadeiro.

Confesso que essa notícia embrulhada me deixou um pouco espantada, porque nunca tinha visto uma cidade inteira se movimentar por um simples entrelaçar de mãos. Ela – a cidade – estava dividida, querendo saber se era apenas prazer ou, unido a este elemento, havia o amor.

Alguns dias depois, eu soube que a história deles foi um tipo precoce, começaram a namorar no início da adolescência, ambos demasiadamente sonhadores, ora sonhando, cada um, em suas casas, ora, na casa que eles construíam juntos. Mas, apesar de devaneador, ressaltaram-me que o relacionamento deles era simples, bonito, havia compreensão e afinidades, e sempre juravam que, mesmo que as suas vidas tomassem rumos diferentes, por algum tempo, no final, iriam ficar juntos.

Uma, dentre as pessoas que me contaram essa história, não soube me dizer bem o que aconteceu, mas sempre ressaltava que não conseguia compreender como tudo aquilo, como todo aquele dois em um conseguiu se perder. E enfatizava com uma voz fervorosa: ‘era tão grande, como pôde se perder?’. Notei, obviamente, que esse indivíduo fazia parte do grupo que teimava em dizer que a inclinação amorosa era verdadeira. Então, chegou, aos meus ouvidos, outra versão, contada, dessa vez, por um senhor de meia idade, desenganado, após ‘um caso de amor frustrado com Elena, filha do banqueiro’. O senhor disse, em tom convicto, que tudo isso fora uma afeição passageira, confessava que não poderia desconsiderar o que ambos tinham vivido, mas foi sorte cada um ter seguido o seu rumo, porque a vida é curta demais para aquelas coisas, e que as juras nada mais eram do que devaneios de crianças.

Tive muita vontade de reunir esses dois, procurar entender o que lhes tinha ocorrido, pois não consegui, até hoje, eleger a corrente verdadeira. Mas acredito em algo, acredito que amores verdadeiros não morrem, nunca, no entanto, machucam.



2 comentários:

Laysla Fontes disse...

Nara!

Lindo o seu texto, mesmo! Eu achei muito bonita a maneira como descreveu a proximidade desses 'dois em um', e eu me pergunto, sinceramente, porque é que o amor se perde vezenquando?! Isso é uma pena, mesmo [e fico muito feliz em saber que tudo mostra que dessas estatísticas não irei participar]! Lindo, lindo.

Muito obrigada pela visita.
Grande beijo!

Unknown disse...

Muito bonito o texto...
e só uma coisa é certa...
infelizmente dor e amor andam lado a lado....